quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Tümmerfrauen - elas ainda existem!!

Foto da entrada do Museu de História,
em Peneemünde 




Tempos atuais estao dificeis. Mas eles sao apenas reflexo dos fatos passados. Os germânicos já passaram por tudo o que tinha que passar: guerras, protestos, reconstrucao. Eles ja estao calejados. Por forca da situacao, tiveram que se tornar experts no assunto. E sao craques mesmo: transformar um país totalmente destruido de duas guerras em uma potência mundial nao é para os fracos. Todo o meu respeito para eles nesse aspecto.


Para ficar claro a diferenca cultural e de mentalidade entre os europeus da Europa Central e os latinos:


Paraguai passou por uma guerra terrivel no periodo de 1864 a 1870. Foi o maior conflito armado já visto na América do Sul naquela época. Nesse caso, foi um pouco diferente, já que o Paraguai foi "dominado" pela Tríplice Alianca, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai. E fomos pra cima dos pobres coitados.
Acredita-se que nessa guerra o Paraguai perdeu mais de 300 mil soldados e civis. Sua populacao ficou reduzida naquela época a mulheres, algumas criancas e muitos idosos. E por causa dessa guerra, o Paraguai - que era um dos países mais avancados da época - se tornou o mais atrasado da América Latina. Nunca mais se recompôs.




Museu em Peenemünde
Agora dê uma olhada na Alemanha: Participou ativamente das guerras mais sangrentas, violentas e injustas de que se ouviram falar. Ficou totalmente destruida em 1945. Os filhos da nacao que estavam espalhados pelo mundo, foram torturados e mortos de maneira brutal em campos de concentracao (dos Aliados). A sua populacao ficou ao fim de tudo isso reduzido a mulheres, criancas e idosos.  Como o Paraguai, para se ter uma idéia. 
A única diferenca entre os dois países, é que a Alemanha comecou a guerra e tentou dominar o mundo. E perdeu feio. O Paraguai só reagiu para tentar se defender. 


O que aconteceu depois da guerra é pouco interessante para os livros de historia. E para mim é aí que a coisa comeca a ficar interessante. Eu sempre me perguntei como os sobreviventes da guerra, no país destrocado, comecaram a reconstruir tudo. E o que deu errado que um país como o Paraguai nao conseguiu se reerguer e a Alemanha sim. 





Mulheres do entulhos reconstuindo um edificio.
Fonte: Bundesarchiv Bild 183-H29659, Berlin, Jägerstraße, Trümmerfrauen
Vi uma vez um documentário sobre as mulheres sobreviventes da guerra (em alemao, Trümmerfrauen - mulheres dos entulhos, traducao literal). Foi mais ou menos assim: elas olharam para um lado, olharam para o outro. Entulhos. Entao, se juntaram, comecaram a tirar os entulhos, limpar organizar. Aí viram que precisava reconstruir. E comecaram, perante condicoes climáticas terriveis (inverno, frio, neve), a reconstruir casas que foram destruidas. Mulheres que eram frageis, que nem sequer a guerra podiam ir. Mulheres com filhos pequenos que nunca tiveram a ajuda de maridos já que estes morreram em combate.
Foram elas que salvaram o país. Esse é um fato que nao aparece nos livros de história e explica muita coisa.


 Talvez nao seja uma mera coincidencia o fato da chanceller do país ser do sexo feminino.  
Nesses tempos de crise, a Alemanha é o único país que está se saindo bem e nao foi afetado tao forte como os nossos países vizinhos. Alemanha nao se deixou abalar pelas especulacoes do mercado internacional e continuou trabalhando duro como sempre. Algumas medidas foram tomadas para aumentar o poder de bens de consumo da classe média, já que em tempos de crise as exportacoes de bens de consumo tendem a diminuir. E entao, voilà. Os alemaes nao sairam totalmente ilesos, mas se recuperaram numa rapidez impressionante. A Grécia nao aguentou, a Irlanda tá mal das pernas assim como Portugal. Na Espanha, por exemplo, a coisa tá tao feia que mais de 40% dos jovens saidos da Universidade estao desempregados. Os que têm emprego, só possuem esse privilégio por que se submeteram a trabalhos menos qualificados: Vi muitos espanhois na faixa dos 30 anos, com mestrado no exterior, trabalhando de garcom ou vendedor em lojas de roupas. 


 A Franca, que nao é boba nem nada, deu um jeitinho de aumentar sua credibilidade internacional às custas da Alemanha. A coalisao "Merkozy" está sempre aparecendo na imprensa de bracinhos dados, para alegria do Sarkozy, o primeiro ministro francês. Um homem se rende a uma mulher na luta dos sexos.
Acho que aí está a parte que nos toca: seguir o exemplo. O Brasil já elegeu uma mulher, isso é bom. Mas estamos bem longe de deixarmos de ser uma nacao acomodada e extremamente machista. E para piorar, ainda levamos tudo muito pouco a sério. Nao vamos a rua, nao nos mexemos, nao participamos da vida política do nosso país. Nunca nos mobilizamos. O calor nao deixa, o transito é demais, o dinheiro é pouco, Ah!! o carnavaaaaaaaaaaaaal chegou, esquece. O país tem que parar. 


Muitas desculpas. Muita falta de compromisso. E pouca, pouquissima acao.


Eu fico aqui, cheia de esperancas de que o Paraguai se estabilize como país e corra atras do tempo perdido.  Afinal, nunca é tarde para se recomecar. Nunca.


2 comentários:

  1. Posso até consentir que são fortes os alemães, mas comparar com o Paraguay aí não dá: Para onde foi toda a riquesa que aqueles usurpadores preconceituosos tiraram dos judeus? Financiaram a guerra e muito mais! E após a guerra, a reconstrução, com o Plano Marshall (EUA) que deu milhões e milhões de dólares não só para esses branquelos, mas para a Europa toda?

    Agora quem ajudou o Paraguay? Que eu saiba, ninguém. Os ianques é que foderam com eles, ajudando a manter o Strossner no poder por décadas, com todas as barbaridades possíveis e imagináveis. E o Brasil ainda deu guarida para esse desgraçado. Ainda bem que morreu cruelmente.

    Assim fica fácil: por um lado, destroem tudo depois vem o mundo inteiro e ajuda; de outro, muitos fodem e depois larga só pra se virar como der. Nada pessoal, Indira, mas não concordo com seu ponto de vista.

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  2. Agradeco ao seu comentário e fico feliz por saber que os leitores críticos ainda nao estao em extincao.

    Bom, o que quero deixar bem claro é que nao tentei em momento algum fazer uma análise política social e histórica dos acontecimentos. Nao entrei em detalhes, escrevi apenas o essencial para mostrar meu ponto de vista sobre o lado da história que poucos conhecem. O que quis mostrar foi que com a mobilizacao popular se vai longe. E que o sexo frágil nao é o feminino (e pra ser sincera, nem o masculino, sabe? essa expressao "sexo frágil" é ao meu ver sem sentido). Nao entrei nos detalhes do "Nazismo". Defendi sim, alemaes que foram mortos pela guerra em campos de concentracao. Mas nao disse que nao defendo os judeus. No caso, eu nem me dei ao trabalho de citá-los para nao aumentar a conversa. Quis discutir outro ponto e nao escrever um textinho sobre o papel da Alemanha e o papel do Paraguai na guerra. Eis aí a diferenca. Claro que a Alemanha nao se reergueu sozinha (eu nao disse isso, nao me mal interprete). Citei apenas superficialmente, de maneira linear, uma historia que eu estava contando. Tive que fazer uma introducao e fiz um comparativo.

    Aceito porém teu ponto de vista e fico super feliz em ler o seu comentário.

    Um abraco!

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