terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Efeitos do frio

Hoje amanheceu frio. Nada de atípico para o mes de fevereiro. Afinal de contas, estamos no inverno. Porém, é estranho ver como as coisas mudam abaixo e acima da linha do Equador. Hoje li um post de um amigo meu no Facebook contando que passou a noite em claro por nao poder dormir. Calor ao extremo. Eu nem consigo mais imaginar o que é calor. Desde novembro sinto apenas frio e o sol é uma raridade nessa época do ano. Há uma duas semanas comecou a nevar de verdade. Meio tarde para essa época do ano (para os que nao sabem, a neve deveria comecar a cair em meados de novembro. Ano passado, em outubro, ja havia toneladas de neve na Alemanha). Pois esse ano a neve se atrasou em quase tres meses. Isso é sinal de que o inverno vai durar mais do que o previsto. 

Nas tevês alemas o que se vê sao diversas noticias relacionadas ao frio e seus efeitos negativos na vida cotidiana, no mercado capitalista, nas relacoes comerciais entre países distribuidores de gás.

Enquanto escrevo esse texto, posso ver pela janela a camada branca endurecida de neve cobrindo as calcadas da rua, cobrindo os carros. Um espetáculo encantador, para quem está dentro de casa, com um cobertor e o aquecedor ligado, marcando 22 graus. Porém, para os que têm que trabalhar e se locomover, nao deve ser algo tao agradável. As ruas ficam extremamente escorregadias agora, pois a nevasca dos últimos dias se acumulou e deixou as ruas como se fossem pistas de esqui. Lisas. E para quem tem que enfrentar o transito maluco das cidades grandes, um desafio. Dirigir na neve é dificil. Digo por experiencia. 
Pessoas felizes e contentes andando na neve.
Dá pra ver a felicidade e alegria em seus rostos.
Em 2008 sofri um terrivel acidente de carro por culpa de uma nevasca. Tentei girar o volante numa curva e o carro nao obedeceu. Aí por reflexo, pisei no freio. O veiculo seguiu em linha reta, com a velocidade constante e inalterada. Platsch, Crash. Bati a toda contra uma mureta de pedra. Por sorte, nao me aconteceu nada. Sai com dificuldades do carro em choque, sem entender direito o que havia acontecido. As seis horas da manha. Nevava muito, a rua estava escorregadia  e coberta por uma recente camada de neve. Fiquei olhando pro carro, totalmente destruido e a mureta de pedra inalterada na minha frente. Nao pensava em nada, nao sentia frio, nao sabia o que fazer. Estava num vilarejo, de aproximadamente 200 moradores e ninguém, absolutamente ninguém, saiu na rua para ajudar ou perguntar se precisava de algo. Alguns olhares das janelas das casas me seguiam, porém ninguém (isso, ninguém mesmo!) veio ao meu encontro. Fiquei meia hora nesse estado de topor, sem blusa de inverno, sem luva e sem sentir frio. Contemplando a paisagem de inverno e ouvindo uma música repetidas vezes na minha cabeca. A última música que tocava no rádio antes do acidente. Que tinha virado meu "Ohrwurm" naquele momento. 

Desde entao nunca mais consegui dirigir na neve. Sempre que entro num carro e está nevando, penso que a qualquer momento vou perder o controle e o carro vai bater. Mas querendo ou nao, a maldita experiência me serviu de algo: nao subestimar o perigo de conduzir um veiculo na neve. Nunca.

Outro problema que os condutores de veiculos movidos a diesel enfrentam no inverno é o congelamento do combustivel no motor.
O óleo Diesel é um composto formado por carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio. E por sua composicao, o óleo diesel é mais denso e menos volátil que a da gasolina. Tudo muito bom, se nao fosse um probleminha: o Diesel congela a partir de 20 graus negativos. Em alguns casos, a partir de 14 graus negativos ja é possivel que esse gasóleo congele. Essa temperatura nao é  momentaneamente excecao. Agora, por exemplo a temperatura externa é de 14,5° abaixo de zero. Isso significa que, se eu tivesse um carro a diesel, estaria f***. 
Congelando o combustivel, o carro nao funciona. Aí, só resta chamar um reboque, levar seu querido carro ao mecânico e torcer para que tudo fique bem. E pagar o preco do servico, que aqui na Alemanha, assim como no Brasil, nao é nem um pouco barato.

E pensar que o combustível recebeu esse nome em homenagem ao engenheiro alemao Rudolf Diesel, que inventou um meio mecânico para explorar a reacao química que ocorre entre a mescla de óleo e oxigênio.  Esperto esse tal de Diesel. Pena que nao pensou um pouco mais além. 
Contraditorio, como todo típico alemao. Nao é, caro leitor?




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